Loja de artigos de luxo aplicou golpes milionários usando dados de clientes, afirma polícia (Foto: reprodução)
Por trás da fachada de luxo e artigos de alto valor, um estabelecimento comercial escondia um esquema criminoso milionário. Empresários proprietários da loja Maison Móveis e Decoração, comércio de artigos de luxo de Juazeiro do Norte, no Ceará, estão foragidos e são investigados por aplicar golpes milionários usando os dados de clientes. A vendedora suspeita de obter dados dos clientes está presa.
Segundo a polícia, as pessoas eram abordadas pela vendedora, que insistia que as pessoas fizessem um cadastro, com o pretexto de oferta de promoções para beneficiar os clientes. Ela também argumentava que precisava de uma quantidade mínima de dados para bater a meta mensal da empresa.
Com os dados pessoais, os empresários faziam empréstimos em nomes das pessoas que haviam feito o cadastro.
A defesa da loja, em nota, informou que a Maison Designer Interiores está colaborando com a investigação e esclarecendo todos os fatos junto à Polícia Civil, apresentando a documentação necessária para a demonstração da lisura de suas operações.
A vendedora Iayannara Gonçalvez foi presa, e outras três -- o proprietário e sócios -- têm mandado de prisão em aberto por suspeita de envolvimento nas fraudes. Layannara era uma vendedora popular na cidade e acumula 15 mil seguidores em redes sociais.
Conforme a polícia, eles chegaram a fazer empréstimos de R$ 600 mil, que lesou uma pessoa que ganhava apenas um salário mínimo. O valor aprovado para uma pessoa assalariada levou os agentes a suspeitar de que o golpe envolve também bancários.
"De cinco pessoas apenas [vítimas do golpe], o montante [do golpe] era de mais de R$ 1 milhão. Durante a investigação, a gente descobriu que esse montante pode passar de R$ 10 milhões. A gente não tem ideia ainda de qual o tamanho da fraude e quantas vítimas foram lesadas por essa quadrilha", detalha o delegado regional de Juazeiro do Norte, Júlio Agrelli.
"Eles usavam, na verdade, esse subterfúgio para gerar um capital para a loja, movimentar um fluxo de capital e se capitalizar, comprar estoque", diz.
A Polícia Civil investiga a prática de crimes como lavagem de dinheiro, estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha.
A apuração policial identificou também clientes que eram enganados e nem sabiam. "A gente não tem ideia ainda do tamanho exato da fraude e nem quantos clientes foram engados", diz o delegado.
Suspeita entre bancários
Na nova etapa da investigação policial, os agentes tentam descobrir se havia uma facilitação do empréstimo por parte de funcionários do banco onde o dinheiro era obtido pelos empresários.
"Um ponto que chama nossa atenção é se alguém do banco facilitou esse golpe, porque algumas pessoas que tinham um perfil de score [pontuação para obter crédito em banco] muito abaixo do que se espera para receber o montante obtido no banco. Tinha gente que recebia um salário mínimo e conseguiu fazer empréstimo de R$ 600 mil", diz o delegado responsável pelo caso.